Por: Vitor Bruno
Com a chegada de Maurizio Sarri, muito se debateu sobre qual seria a função dada por ele a N'Golo Kanté, peça fundamental no elenco Blue, tendo em vista a contratação de Jorginho para a função de primeiro homem de meio-campo.
Como é sabido, Sarri utiliza um jogador de características de controle/passe na posição em que Kanté atuara na Copa do mundo, logo, teorizou-se que ele atuaria em uma faixa avançada, como dissemos em texto publicado no início da temporada.
Pode-se dizer que acertamos, pois, Kanté realmente vem se transformado no equivalente tático de Allan no 4-3-3 de Maurizio na época de Napoli. Ter o francês nessa zona do campo é vital para pressionar o rival e cortar contra-ataques, com nosso pequeno-gigante atacando a nascente do ataque adversário, em vez de atuar em zonas da definição.
Na nova função, N'Golo Kanté fez um gol logo em sua primeira partida sob o comando de Maurizio Sarri, contra o Huddersfield Town
Além disso, quando a equipe se compacta em próprio campo, Kanté é um dos bons caminhos de transição ofensiva, com sua capacidade de condução de bola e seu instinto para verticalizar o jogo, seja com bola, lançando, ou sem, se projetando ao espaço. Foi assim que o francês conseguiu fornecer uma assistência para Ross Barkley na goleada sobre o Burnley pela Premier League.
No momento ofensivo, N'Golo Kanté atua hora como um “Box-to-box”, chegando na área para agredir, hora como um Mezzala, função comum no futebol italiano, que consiste em ser um meia que flutua de dentro para fora, ocupando zonas centrais e laterais do meio.
BOX-TO-BOX
MEZZALA
E é nessa segunda função que Kanté ainda demonstra dificuldade. Ao fazer esse movimento horizontal, se exige mais características de construção de que físicas (usadas em movimentos verticais) e Kanté nunca foi levado a jogar assim.
Por vezes, podemos ver Willian centralizado e Kanté aberto, para que César Azpilicueta se encarregue da base da jogada e raramente vá ao fundo, ou seja, taticamente, o movimento está decorado. Porém, devido à dificuldade de Kanté em construir jogo, aliado à má fase do brasileiro e a prioridade defensiva de nosso lateral, nosso lado direito fica estéril.
Kanté agora tem que atacar mais, porém sem perder sua característica mais famosa
O francês tem qualidade, e é muito mais que apenas um destruidor, ou seja, não podemos pregar como “fracasso” e sim lembrar que é apenas a primeira temporada com tais exigências. Allan, que se destacou com nosso treinador, era um volante com muita pegada e pouco aporte ofensivo, coisa que, como vemos, mudou com o tempo.
E mais uma válida lembrança é: N'Golo Kanté é um dos melhores jogadores do mundo e, ainda sim, tem humildade para aprender uma nova função e se encaixar no modelo. Já vimos casos de jogadores que por muito menos se recusaram a trabalhar com o treinador.
Tenhamos paciência.
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